sábado, 20 de abril de 2013

Business is business


As coisas, quando parecem o que são, nunca são o que parecem.
Felizes para sempre é um sonho perfeitamente realizável naquele período de vida em que não se é nem menina nem mulher. Aos 35, quase vinte de casamento, uma gozada aceitável, vez ou outra em meses, torna-se o sinônimo possível para final feliz.
Valéria abriu os olhos para a quinta-feira & encarou com indiferença os lençóis amassados ao lado. Frios. Nenhuma novidade. Há anos, correr logo cedo passeando o cachorro era mais convidativo ao marido do que ela nua, disponível. Romantismo adolescente esperar por comportamento diferente naquela manhã, apenas porque ele era o responsável pela noite que ela enfrentaria. Homens de negócios são homens de negócios em qualquer circunstância, pensou.
Tornou o banho o mais longo possível, como se a água quente fosse capaz de impedir a vida de ser como tinha de ser. Enrolou-se apressada na toalha ao ouvir o ruído do motor do carro. Tentou chorar ao ler o bilhete rabiscado às pressas: "Na casa de praia. Volto amanhã à noite". Ao contrário, sorriu: quantas prostitutas podem, afinal, saber o preço exato em tostões pelo uso de suas carnes? Nesses anos, sabia, havia se deixado contaminar pelo cinismo monetarista do marido. Não era prostituta, porém, conhecia até nos centavos mais clandestinos o exato valor do desfalque. Business is business, como ele repetia, quase como uma ladainha.
Coisa de filme que acontece mais comumente na vida real do que se atreve a pensar a mais fantasiosa imaginação de qualquer comedor de pipoca de sala de cinema.
Celebridades na vida empresarial & social, os Manson, Lucius & Ilse, sabiam da ambição do marido & incentivaram sua ascensão. Também identificaram aí sua maior fragilidade. O rombo financeiro foi considerável. A condenação, jurídica & moral, seria inevitável. Sem prisão, sem escândalo, a menos que... Lucius chantageou com a mesma cínica naturalidade com que o marido lhe propôs: "Business is business, você entende, não é, minha querida?"
O dia nada teve de especial. Apenas com o fim da luz do sol seu estômago deu os primeiros sinais de inquietação. Mesmo sem a ajuda de fadas, Valéria arrumou-se lindamente, detalhe a detalhe que realçasse sua beleza de mulher, como se fosse a convidada de honra do baile do príncipe encantado. Pela primeira vez odiou a imagem que viu refletida pelo espelho. Não fosse fêmea tão desejável, talvez as coisas tivessem acontecido diferente. Encarou com desencanto o envelope que colocou na bolsa.
Dirigindo com automatismo — "O que é meu não mando buscar, vem a mim", Lucius despótico nas instruções — riu forçada: o cantor de voz melosa resmungando no rádio do carro a canção de tristezas amorosas saberia o destino de suas próximas horas? Prostitutas não têm porque temer o inesperado. Estava pronta para o que pensava iria enfrentar.
Nenhuma surpresa ao estacionar em frente à enorme casa dos Manson, familiar de reuniões e eventos sociais. Constrangedor apenas que o profissional sorriso de esfinge do empregado fosse o mesmo que naquelas ocasiões a recebera ao lado do marido. Faria ideia de por que estaria sozinha ali nessa noite? Dane-se, gente comum não sabe que não há contratos assinados para os grandes negócios escusos, porém, as regras não escritas são mais fortes do que se firmadas a sangue, até Mefistófeles sabia disso. Apesar de tudo, não desejava ver o marido, reputação arruinada, numa cela por mais de cinco anos. Em liberdade, sua covardia o fortalecia; na prisão morreria apenas por ter de encarar sua fragilidade enquanto homem.
Na sala elegante, acendeu um cigarro & tragou fundo como se fosse o último ante o pelotão de fuzilamento, resignada como a rês arrematada em leilão para o abate. O pensamento de algo sexual com aquele homem era revoltante, porém, sabia que, apesar de tudo, poderia se sair bem. Afinal, nada que em sexo já houvesse feito com o marido poderia ser inusitado com outro. E havia a cláusula inegociável: Lucius não poderia tocá-la, sob nenhuma circunstância. O que de surpreendente poderia acontecer, afinal?
Inesperada foi a festiva entrada de Ilse. Jamais admitira a possibilidade de sexo com uma mulher: havia visto filmes, mas chupar um seio ou lamber o vão das pernas de outra fêmea era algo simplesmente inadmissível. Angustiante a maneira como Ilse a examinou com olhar ganancioso como se ela estivesse despida. Totalmente disponível para uma noite de sexo sem restrições, com a condição de que Lucius não a tocasse: agora, a regra não escrita do acordo escancarava toda sua monstruosidade secreta em sua simplicidade dúbia. Pela primeira vez suas entranhas deram mostra de querer fraquejar ante o preço do medo, mas Valéria respirou fundo, recuperou-se & caminhou para o beijo no rosto da senhora Manson, com a serenidade da mártir que vai cumprimentar o carrasco. Não importa quantas vezes morresse nessa noite: sobreviveria para outra manhã de sol. Então que fosse o que seria: Ilse participava de toda a nojenta negociata com seu corpo. O marido sabia desse detalhe quando aceitou?
O coração de Valéria ameaçou sair pela boca, quando o sarcasmo de Ilse saudou-a como uma das mais apetitosas escravas que Lucius providenciara para ela nos últimos tempos. Escrava? Não, demais, isso já era demais, fora de qualquer limite de aceitação! A sonora bofetada no rosto de Ilse, a volta brusca para retirar-se, o sangue subindo, queimando nas faces. "Tudo bem, se lhe é mais aceitável a prisão de seu marido, posso ligar para a polícia do litoral agora mesmo". A ameaça de Lucius, que entrara por suas costas, não podia ser mais efetiva do que esclarecedora: como podia saber que o marido estava na casa de praia? O canalha a havia disponibilizado não apenas como prostituta, mas como brinquedo sexual para todas as taras & prazeres daquele homem... & de sua esposa?
"Nenhum imprevisto, espero? Seu marido garantiu que nessa época não estaria menstruada. Creio que deve desculpas a Ilse pelo seu descontrole. Um beijo, acredito, seria mais do que apropriado". Quando ela se aproximou, sorrindo perversa é que Valéria notou que a roupa usada por Ilse era extremamente justa, evidenciando todas as suas formas femininas e muito curta deixando muito de seu corpo até aceitável pela idade, à mostra; um visual absolutamente diferente do estilo conservador que sempre exibia em ocasiões formais. Com firmeza, Ilse grudou sua boca na de Valéria e o puxão de cabelo a condenou a abrir os lábios & a receber com repugnância aquela língua de mulher para brincar obscena com a sua.
"Leve-a ao banheiro & prepare-a", comandou Lucius.
Sem perder o sorriso perverso por um instante, Ilse ordenou-lhe que se despisse, enquanto ajeitava um estranho equipamento: um saco plástico transparente, com um líquido igualmente sem cor, uma mangueira. "De quatro, como cadela que é", foi instruída. Além do pênis do marido, já havia acolhido consolos & vibradores até de bom porte na bunda, mas aquelas circunstâncias absolutamente rebaixadoras faziam parecer monstruoso o terminal plástico que Ilse generosamente lambuzava com um creme lubrificante. Algum sinal de gentileza ou simplesmente não provocar nenhum dano à carne antes de sua utilização? Tentou ajeitar-se para tornar a penetração a mais confortável. O leve empurrão foi um tanto dolorido a princípio, mas o pior estaria por vir. A água morna começou a penetrar, uma pressão estranha fazendo a barriga estufar de uma forma inimaginável, parecendo pronta a explodir. Nada de prazer, apenas um animalizado ritual de limpeza. O líquido do saco plástico lentamente infiltrou-se pelo interior de seu abdômen. Comandada então a que ficasse em pé e obrigada a pular como uma menina brincando com uma corda invisível. Ilse brilhava os olhos em maldade. Depois de uns dez minutos Valéria implorou, era insuportável segurar aquela mistura por mais tempo dentro dela. Agarrada pelo braço, empurrada ao vaso sanitário e um impulso irresistível que não dava escolha às suas entranhas fez com que Valéria se aliviasse com todos os degradantes ruídos possíveis. A gargalhada de Ilse era mais dolorida do que a dor. "Estão se divertindo?", Lucius do andar inferior. "A mulherzinha está chorando por descobrir-se uma vadia canina tão imunda por fora & agora tão limpinha por dentro", Ilse debochada. Valéria sempe temera a maldade masculina, mas agora constatava que as mulheres podem ser mais cruéis & sádicas na degradação de outra fêmea. "Isso é só o começo, bonequinha. Vou te fazer sofrer tanto que vai preferir rezar pela morte". A saliva da cuspida no rosto foi ácido de desprezo a queimar seu último fiapo de dignidade. Com fogo nos olhos, Ilse sentenciou: " Nem se preocupe em me xingar de prostituta sádica, pois é isso exatamente o que eu sou. “Em primeiro lugar, você precisa aprender um pouco de respeito & saber quem é que está no controle aqui. Foda-se! esse seu rostinho loiro, vulgar, sem graça de puta de catálogo."”
O chicote nas mãos de Ilse apareceu do nada & orientou com violentas vergastadas sua cambaleante caminhada de gritos & lágrimas rumo o quarto. Contorcendo-se para tentar escapar das incendiárias lambidas do couro em sua carne, retorcida no chão, Valéria atreveu-se a abrir os olhos em meio à flagelação para ver Lucius sorridente, confortavelmente instalado numa poltrona, copo de vinho em uma das mãos, masturbando o pênis estupidamente endurecido: " Não seja econômica com a chibata. Pagaria o dobro do desfalque, para arrombar cada buraco desse corpinho de vadia vaidosa. Mas, não se preocupe: ao contrário daquele vigaristazinho fracassado com quem é casada, sou um cavalheiro. E a palavra, é o mais valioso patrimônio para um homem de verdade ser vencedor no mundo dos negócios. Ficarei satisfeito apenas em assistir a humilhação dele pela tua degradação".
Uma furiosa sequência de pontapés despencou sobre o corpo de Valéria. Ilse parecia possuída. Aos berros, rasgava as roupas enquanto a chutava: "Quem você pensa que é, sua putinha, para se atrever a despertar o apetite de macho de um homem honrado como o meu marido? Você acha que ele trocaria uma mulher honesta como eu por uma ordinária de sua laia, só porque não tenho um corpo tão jovem & bonito?" Mãos deslizando nervosas, acariciando seus seios e barriga, introduzindo descuidadamente dedos intrusos em seu ventre inferior. "Você não passa de uma vagabunda de merda!", grunhiu num ódio animalizado.
Mesmo naquela situação, Valéria não conseguiu deixar de constatar que Ilse, na verdade, era uma mulher ainda sedutora, com carnes que brilhavam de um modo estranho, apesar de um tanto de anos em idade. O corpo era bem proporcionado, cintura ainda definida, quadril apetitoso, as tetas fartas sem serem demasiado grandes, ostentavam auréolas enormes de cor bem definida & mamilos grandes. Um clitóris endurecido como um dedo acusador mostrava-se atrevido entre a profusão de pelos crespos crescidos ao natural em torno da vagina.
A dor do espancamento obrigava Valéria a respirar aos solavancos, como se quase afogada retirada da água.”
"De joelhos, vagabunda!" Ilse puxou seu cabelo, colocou a perna em seu ombro de modo a oferecer-lhe uma visão total & privilegiada de sua vagina. Gargalhando como enlouquecida, balançou os quadris, abriu as pernas afastou os lábios da boceta, agarrou-a pelos cabelos & empurrou seu sexo com firmeza em direção à boca de Valéria & esfregou com determinação. "Agora vai mamar minha xoxota". Valéria podia sentir na língua fervendo de medo as contrações daquele excitado buraco alagado cercado por pelos encharcados em umidade feminina. "Chupa minha boceta com vontade!"”Sem possibilidade de resistência, obedeceu, o corpo inteiro se contorcendo enquanto lambia aquela maciez desconhecida. Dizendo palavrões & frases sujas, Ilse teve um orgasmo intenso, obrigando-a a beber até a última gota de seu suco de fêmea: sentiu escorreu por sua língua um líquido quente, asqueroso na consistência, porém, com um paladar de delícia inquietante. Ilse arreganhou os lábios pegajosos, deslizou os dedos para cima e para baixo em sua fenda encharcada, cheirou & espalhou o líquido nos bicos das mamas que brilhavam como faróis. Gemendo como se sofresse, beliscava os mamilos enrijecidos como se não fossem de carne, apertando-os com firmeza, quase esmagando-os entre os indicadores & polegares.
Ilse queimava pequenos incêndios assassinos nos olhos negros. Enfiou dois dedos na boceta de Valéria & lambeu com paixão: "Nem pense em desafiar a minha autoridade. Vai fazer como & o que eu desejar & ordenar. O caminho para o seu inferno pessoal não tem retorno. Estou faminta, vou te cavalgar como uma égua. O ponto G é na boceta, vou te mostrar o ponto E, de enrabada." Enquanto humilhava, afivelou na cintura um cinturão com um enorme & grosso consolo acoplado. Valéria tinha certeza de ter gritado, mas nenhum som saiu de sua garganta apavorada.
Novamente pelos cabelos, foi obrigada a ficar de quatro, "Levanta essa bunda"”, Ilse estalou um tapa em sua nádega, "Na posição perfeita para ser montada". Agarrada pelos ombros, Valéria contraiu o mais que pôde os músculos do ânus, porém, a penetração decidida foi inevitável &, impotente sentiu o caralho artificial ser empurrado com força, entrar fundo & começar a deslizar para dentro & para fora numa cadência dolorosamente premeditada. "Vai aprender o que é ser fodida de verdade, como nenhum homem já te fez sentir". O chicote assobiava no ar & estalava queimaduras em suas nádegas, um pandemônio de vergões vermelhos ia se desenhando em sua bunda antes de pele imaculada. Gemia de dor, respiração irregular, Ilse ia mais rápido & golpeando sempre mais fundo como se não houvesse limites para sua selvageria, a ponto de sua bunda bater forte contra as coxas da sádica. "Assim é que uma foda de rabo deve ser. Se eu fosse homem ia te encharcar com tanta porra quente & te inundar pelo cu até sair pela boca!"” O ritmo foi se tornando cada vez mais ensandecido, uma estocada mais violenta, Valéria gritou pela dor alucinante & um choque elétrico passeou por cada centímetro de seu corpo & explodiu, porém, maravilhoso, em um vigoroso orgasmo de intensidade que nunca antes experimentara na vida. Suada como uma porca, manteve-se gemendo, enquanto o consolo, agora mais lentamente continuava a trabalhar o interior mais profundo de sua bunda latejante.
Valéria percebeu a aproximação de Lucius. O caralho grande & duro havia agora crescido ainda mais com os ritmados movimentos de mão que se acentuavam numa ordenha tarada. Os olhos do homem pareciam prontos a disparar relâmpagos a qualquer momento. Um empurrão na nuca & teve a boca direcionada a lamber as bolas inchadas de tesão, enquanto Ilse enfiava a língua nervosa em seu cu ardido & alargado.
"Rápido, não posso tocar nela", Lucius comandou. Violento puxão de cabelo, unhas cravadas em seu seio provocando a reação natural de abrir a boca. "Vai meu macho, afoga ela em porra por mim, esvazie a carga do seu saco nessa boquinha de rameira ordinária". Valéria sentiu um enorme jato de esporra esguichado em sua boca, deslizando por sua língua, descendo até sua sua garganta & perdendo-se dentro de seu estômago. A náusea era enorme, mas adivinhou quais seriam as consequências se vomitasse.
O casal respirava forte como um motor cansado, olhando-se com uma inconcebível ternura quase sobrenatural, ante tudo o que havia acontecido. Ilse inclinou-se para ela, acariciou a transpiração da pele de suas costas e recitou quase doce: "Não nos desapontou. Foi uma boa égua e sei que adorou ser bem fodida. Soube merecer seu destino de ordinária. Levante-se. Acabou". Saíram.
Acomodando-se à dor que frequentava todos os pontos de seu corpo, secando gradativamente as lágrimas que molhavam sua humilhação, Valéria recompôs o trapo de carne em que estava transformada, no mais próximo possível da figura de mulher que algum tempo antes entrara naquela casa. Ajeitou-se o melhor que conseguiu, dispensando mesmo o banho. Não pretendia alongar um instante que fosse sua presença ali.
Desceu & encontrou Lucius perfeitamente trajado com elegância & simplicidade naturais. Ofereceu-lhe uma taça de vinho tinto que Valéria não viu motivo para recusar. Ao lado, vestindo um provocante robe de seda vermelha, Ilse substituira a máscara de megera degenerada pelo conhecido sorriso suave das fotos das colunas sociais. Uma gota vermelha escorreu para seu queixo. Ilse, com gulodice delicada, lambeu-a &, carinhosamente, aplicou-lhe um sutil & roçado beijo nos lábios que Valéria não encontrou razão para não retribuir com a ponta da língua.
Lucius entregou-lhe um envelope grande: "Valeu a pena, por um homem tão desprezível?"
"Sim valeu, mas não por ele", Valéria respondeu com serenidade espantosa. Com uma desconhecida tonalidade submissa na voz, dirigiu-se a Ilse: "Poderia, senhora, me dar aquele cinto com o consolo de presente? Gostaria de guardá-lo como lembrança inesquecível dessa noite."
"Esperamos que retorne por vontade própria", Lucius sugeriu protetor, quase paternal. Ilse acariciou-lhe a face & entregou-lhe o cinto.
Valéria retirou-se altiva. Preferiu não voltar-se para que não percebessem que sua alma quase sorria. O profissional sorriso de esfinge do empregado ainda era impassível e manteve-se inalterado ao mostrar-lhe a saída, apesar do aspecto deplorável que, sabia, ostentava.
Dirigiu por alguns quarteirões até encontrar uma caixa de correio. Conferiu o conteúdo do envelope que Lucius lhe entregara, colocou dentro dele o envelope que tirou da bolsa, apanhou alguns selos no porta luvas, endereçou com letra delicada & sem hesitação, introduziu a correspondência na caixa de correio.
Perdeu o tempo em que permaneceu na banheira, na esperança de que a água morna & perfumada dissolvesse a sujeira de toda uma vida & não apenas a daquela noite. Dormiu implorando a deuses em que acreditava ou não para que a realidade não viesse frequentar seus sonhos.
O dia correu sem identidade, mas com a retirada da luminosidade da tarde Valéria sentiu-se novamente despertada para a vida do mundo.
Com cuidado de cineasta direcionou a câmera de filmagem para um ponto estratégico no centro do quarto, despiu-se & permaneceu serena admirando sua nudez no espelho, pela primeira vez, quase num vouyerismo masturbatório, sem toques.
O ruído da porta de entrada sendo aberta deu-lhe o tempo exato para calcular a quantidade de passos silenciosos do marido. Fechou os olhos & imaginou-o arregalando os dele quando viu a quantidade de vergões & hematomas que enfeitavam suas costas & nádegas.
"Aquele animal, filho de uma puta, ele prometeu..."
Valéria, nua, virou-se rápida & orgulhosa. Sua voz era uma lâmina aquecida no fogo da frieza.
"Lucius é um cavalheiro, não me tocou. Entregou-me todos os documentos relativos ao desfalque. A quantia não fará maior diferença para ele. Somente quis mostrar que não podia ser enganado por um medíocre como você & apenas providenciará para que não trabalhe em nenhuma outra empresa do país. É um homem de negócios que mantém sua palavra. E eu mantive a minha: proteger meu marido enquanto fosse casada com ele. Agora, o divórcio: quero a exata a metade de tudo. Os documentos já estão com meu advogado, junto com os dados para rastreamento & bloqueio da conta no exterior para onde você enviou o dinheiro do desfalque & que pensava que eu não sabia. Lucius não vai te denunciar, mas eu posso".
Boca escancarada de espanto, o marido a encarava com uma apatetada covardia familiar, que por anos ela preferiu desconhecer.
"No entanto, estou certa de que mereço uma compensação adicional por minha vida de esposa dedicada". Com estudada perversidade, Valéria ajustou na cintura o cinto com o consolo & sorriu com meiguice: "Tire as calças & fique de quatro, meu querido, porque você vai ser filmado. E não leve tão a sério: afinal, business is business, como você sempre diz."