domingo, 20 de outubro de 2013

Os Olhos Cinzas de Carol Ashy

Foto: Leah Makin
Estranho & fascinante, indefinido entre o soluço & o ganido, o ruído que Alice extraía da garganta poderia soar como mero sofrimento, porém, a ouvidos experimentados, era a melodia da felicidade realizada na entrega pela humilhada submissão.Não tem necessidade de ver, a quase menina. Sem necessidade sequer de ouvir. Sente a presença de Meu pervertido controle sobre seu corpo & mente, mesmo sem Meu contato direto com sua carne. Confia-se amedrontada, porque quer viver o medo, porém sem limitações, realizando-se somente em fazer-Me orgulhoso pelo atendimento pleno, incondicional que dá a Meus caprichos sádicos.
Seu prosaico buraco feminino de mijar está agora indesmentivelmente elevado à categoria de boceta, transubstanciado num alargado túnel de carne, a boca de um animal ofegando.
A selvageria da bestialidade com que enterra o grosso consolo em golpes enlouquecidos, olhando fixamente para o espelho, hipnotizada, para suas coxas arreganhadas quase à demência do contorcionismo, assustaria qualquer espectador desavisado.
A outra mão atormenta os seios com inacreditáveis apertos. Pregados em auréolas rosadas, estranhamente pequenas, quase inexistentes, seus bicos de tetas estão inchados em roxidão eletrificada, quase à sangria pela aguda mordida constante, por horas, dos prendedores de mamilos que usou por todo o tempo.
A sala em total escuridão.
O foco de luz ilumina apenas seu buraco de fêmea.
Seu corpo despido maravilhosamente vestido apenas por alucinados vergões bem definidos desenhados pelo martírio do espancamento por chibata.
A boca arreganhada derramando saliva grossa principia a arquejar num ritmo mais intenso.
Em qualquer próximo instante a ansiedade de seu corpo pode vencer o auto controle.
Aproximo-Me por suas costas & com decisão puxo o cinto enrolado em seu pescoço.
A impossibilidade de respirar é insuportável, porém a ausência de ar agudiza & multiplica o tesão. Reage ao martírio sorrindo meio demente, mas alegria inútil: a decepção é vitoriosa, pois o esganamento é a senha para relembrá-la de que o gozo lhe está interditado, não importa quantas delícias motivem a carne a tentar realizar o prazer.
A bofetada violenta é a senha de interrupção do prazer até em nível mental.
Arregala os acinzentados olhos de metal aquecido, ofega, arfa como um peixe pulado fora do aquário.
A carnalidade ruge selvagem na noite
O cheiro do medo saindo do meio de suas pernas empesteia o ambiente, o aroma de fêmea sem banho acentua a animalidade da atmosfera, seu suor transpirado em abundância está se impregnando nas paredes da casa. É como se estivéssemos vivendo no interior do corpo de uma gigantesca mulher excitada. Esse carnaval de odores passeia pelas Minhas narinas & endurece Meu pau como se fosse de pedra.
Pelo canto dos olhos encaro o relógio: onze & vinte da noite.
O pêndulo imobiliza-se.
Afrouxo a esganadura do cinto - uma definida faixa vermelha enfeita seu pescoço como um colar avalizador de seu martírio - & Alice, olhos cinzas novamente arenosos, torna a encarar o iluminado reflexo do espelho, & reinicia com concentração de artesão a introdução do consolo, dando continuidade ao supliciamento da cona.
Maravilhoso ver Alice em frente ao espelho, enlouquecida pela obediência, cumprir aquele sacrifício de auto mortificação, transmutando sua tímida toca de desnorteada coelhinha tímida, em barbarizado covil de rainha escravizada ao destino de ser mera boceta devoradora de cabeças de quantos viessem encaralhados invasores jaguadartes.
Quase imperceptíveis, ocultando-se no fundo da escuridão às Minhas costas - Alice julga apenas nós dois na casa - brilham ansiedade os olhos cinzas de Carol Ashy testemunhando a pouco mais do que menina dando parto a mais uma fase de seu trajeto de angústia em depravada carnalidade.
Nos rostos de fêmeas, olhos cinzas são armadilha de fascinação mitológica: em repouso, areia de calma enganosa; aquecidos pelo desejo, metal queimando brilho de clandestinos tesões represados.
Quantas mulheres de olhos cinzas um homem conhece na vida?
Agora já duas na Minha. 
Hoje, domingo.
Desde a sexta, Alice está entregue ao refinado repertório de devassidões de Meu arbítrio. Superando-se, aplicando-se com dedicação de submissa experiente, que não é, não apenas porque sabe o quanto teve de implorar para ter o privilégio de ser acolhida como carne de Meu uso, mas, principalmente, porque anseia pelas delícias que experimentará, caso seja bem sucedida em ser reconhecida como cadela por Minha impiedade de Dominador.
Vem, enfrentando, espantosamente, com sujeição de veterana o variado elenco de perversidades & ultrajes a que venho submetendo seu corpo & espírito.
Apresentou-se usando uma saia curtíssima, na exata medida juvenil para sua idade. Com a destreza sem culpa que as fêmeas trazem do nascimento, separou as coxas à inspeção firme para conferir se obedecia à imposição de “sem calcinhas & sem pelos”. Ganiu, sem tentar defender-se ou afastar-se, sua feminilidade desavergonhada de vadia ao ter suas pregas de boceta esmagadas com violência por Minha mão. Rebolou com perícia quando inspecionei seus buracos de boceta & cu & lambeu, confessando sua inata escrotidão de vagabunda, deliciada, seus sucos de rameira que emporcalhavam Meus dedos.
Se submeteria porque devia & devia porque necessitava.
A pedra-alma do sadomasoquismo: nunca se subestime o incontestável poder absoluto dos mind games.
Consciente de que, com ou sem penetração, seria fodida pela maldade o tempo todo em que estivesse em cativeiro (& desejava desfrutar cada momento até à insanidade do prazer), livrou-se das roupas & assistiu extasiada enquanto elas queimavam incendiadas pela chama de Meu isqueiro. Não poderia deixar a casa, a não ser que Eu lhe fornecesse vestuário.
                                                                          §
São Paulo, madrugada.
Desperdício de lindas sombras cinzas fantasmagóricas. Já não se fazem filmes noir como antigamente. O tempo de horas depois da noite em que as pessoas medíocres se protegem em suas casas para pensarem sobre as coisas desimportantes de suas vidas, para se preocuparem consigo mesmas & repousar sua hipocrisia para usá-la revigorada logo pela manhã. Porém, deixam as ruas da cidade para Mim & até no café fiel de madrugadas na avenida principal as presenças, abençoadamente, são poucas.
Uns dez anos, desde que decidi afastar Carol Ashy das delícias da dominação rastejante em Meu Chão.
Pasto sexual de machos antes mesmo de perder a virgindade, mulher de homem bonitão com casamento protocolar, inclusive “abençoado” por uma menina - diabólica criança normal que tive o torturante infortúnio de ver uma vez, por uns quinze minutos, correndo endoidecida aos gritos, como se pretendesse com seus estridentes berros agudos exterminar algum desventurado invisível vilão psicopata marciano – era o que se denomina uma heterossexual convicta, embora jamais tenha vacilado à participação entusiástica em todas as práticas sáficas que lhe ordenei para satisfação de Meu prazer sádico em dezenas de sessões. Nem como bissexual recreativa poderia ser definida.
Agora ali, na promíscua visibilidade de uma mesa de calçada, acariciando tão cuidadosamente os cabelos de outra mulher, com indisfarçável amor aplicando beijo tão terno num tão jovem rosto rosto feminino? Nem o impossível é impossível, aprendi pela vida, mas virada em lésbica devoradora de quase adolescentes?
Pretendia ser-Me surpresa, porém, avistou-Me atravessando a rua, um sobressalto de canastríssima teatralidade &, sem dúvida, obrigou a moça a colocar óculos escuros.
O abraço verdadeiro com a força da paixão que é irremediavelmente viva depois de nascida, a encoxada quase dolorida para espetar o ventre no Meu, o beijo na boca divertido como aconselhava o bom tom para amigos que já viveram maior intimidade, o sorriso arquejando na curva dos seios a alegria do reencontro, mas Eu sempre soube que, quando sorri, a maldade tem dente vermelho.
Intimidade de malícia escancarada sem a formalidade de apresentações. As costas da mão acariciando com cuidados de posse a rosto da jovem.
“Quer saber o que sei de mais imundo do interior de Alice que ela esconde nas sombras de uma indecência de puta que esse rostinho de inocente não denuncia?”
Em tempos de idade, pouco além de uma menina adolescida.
Jamais fui entusiasta por carnes de juventude: carregam a insipidez da insuficiência de maturação pelo uso. Estranhíssimo então, que, a cotoveladas, Meu pau se debatesse para crescer volume dentro do aperto da cueca a cada um dos “Sim senhor” & “Não Senhor” que aquela redonda boquinha sussurrava em resposta às Minhas indagações, com as carnes naturalmente rosadas daqueles lábios sem traço de batom. Sua canina subserviência era como a de uma aterrorizada criança amestrada em um católico canil/orfanato dirigido por freiras nazistas taradas.
“Os lábios de entre as coxas são tão deliciosamente saborosos para uso quanto os da boca. Eu mesma lhe rasparei os pelos assim que determinado”.
Enquanto por baixo da mesa Meus dedos invadiam a pegajosa umidade de uma racha que estremecia inquieta, Carol Ashy ostentava uma para Mim desconhecida perversidade vingativa ao apregoar as potencialidades de prazer daquele corpo, que desejava ver inteiramente violentadas, uma a uma por Meu Arbítrio Sádico.
Beijo de devoração.
O hálito de sua língua inchando-se na ansiedade da sede que não que ser saciada fedia à doçura acre da fêmea acadelada em animalesca escrotidão.
O cheiro de mijo em Minha mão não fedia à urina mas transcendia ao perfumado aroma de definitiva submissão. Chupei o dedo & senti o paladar da submissa descoberta.
A iniciação aos territórios do Marquês seria, tinha de ser, Minha.
Carol Ashy comandou, então, que Alice retirasse os óculos escuros.
O deleite da total depravação.
Três bocas esforçando-se em cinismo para não sorrirem para a madrugada a viciosa plenitude do deboche.
Os segredos desvendados permanecem picantes quando a cumplicidade ainda insiste em encará-los como segredos, mesmo após revelados.
O decidido beijo de estímulo dominante de Carol na face de Alice impulsionou o eloquente discurso de econômicas palavras que são a significância da existência de um Mestre na Arte do Sadismo:
“Eu imploro pela dádiva, Senhor”.
                                                                         §
Pouco tempo para os 120 dias do Marquês, ou mesmo para os de Pasolini, porém, foram alguns, vivenciados num dionisíaco inferno de intensa licenciosidade.
Prazer?
Dor?
Como um sem o outro?
Os lábios bonitos sussurravam incessantemente esse mantra para os ouvidos famintos de sua alma escravizada...
Quando bebeu a goles de afogada Meu mijo quente espumando em sua boca; quando Meus dedos estimularam com impiedade relâmpagos doloridos nos bicos de suas tetas espancadas; quando cada vergastada de cinto em sua bunda apertou seus olhos, contraiu seu cu & encharcou suas coxas com suas secreções rameiras; quando conduzida à beira do limite da privação de ar martirizou com violência os seios, torcendo-os, como se os arrancando do peito alcançasse alívio à sua angústia; quando embriagada saboreou todos os infinitos paladares dos buracos de seu corpo agora com um sabor único de luxúria enlouquecida; quando ordenhou Minha rola com devoção de pecadora & devorou cada gota de Minhas esporradas com o apetite da decaída desesperada pela libertação; quando cada bofetada era uma corrente elétrica de desprezo gratificando com a humilhação da verdadeira tonalidade avermelhada as faces de sua alma cadela; quando contorcida dentro da jaula lutava contra o cansaço & estremecia em sobressaltos para evitar que o relaxamento do sono fizesse escorregar o plug para fora de seu ânus; quando em infantil tentativa de alívio, passava o dedo lambido em saliva na ardência abrasada de seu diafragmático buraquinho de rabo, agora transformado em apetitoso cu enrabável, virado em arrombado botão carnoso, às custas do compulsório agasalhamento arrombador constante do gordo plug anal; quando imobilizada apenas por Meu comando nas mais incômodas posições enfrentava os longos períodos de solitário silêncio com dedicação extrema que não era soberano & ela não cedia nem mesmo quando seu corpo fazia-se temporário soberano e ela não conseguia evitar a expulsão de seus animalescos excrementos; quando enraivecida socava o grelo inchado para obrigá-lo a retrair-se & não a fizesse fraca na luta contra o orgasmo que se julgava irresistível & ameaçava explodir a cada toque, a cada pensamento.
E a cada estalar de dedos, engatinhou até a jaula, voluntariamente trancou a porta gradeada & acomodou-se cansada sobre o chão de trapos, depois de um tempo imundecidos, que lhe foram repouso nesses dias. Enquanto aguardava pelo pedaço de pão & pela tigela de água, que poderiam não vir, saciava-se de seu suco interior que insistia em continuar vertendo lentamente generoso do dolorido vão de suas coxas. O silêncio dos seus dedos alisando a frincha engordurada troava a Meus ouvidos como uma tempestade em sinfonia.
Assim, absolutamente derrotada em vontade & dignidade, foi, no entanto, vencedora, ao alcançar o êxito primordial exigido por Minha crueldade: vivenciou cada instante de devassidão sem experimentar o gozo que mais ansiava, Por Mim & Para Mim.
O orgasmo só lhe seria permitido quando, enfim, Eu lhe concedesse a honra maior de agasalhar o rascante volume de Meu endurecido caralho arrombando suas carnes cativas ao Meu prazer absoluto.
Ela não sabia que o abate final, afinal, estava próximo, quando a coloquei, coxas arreganhadas em frente ao espelho – após conceder-lhe uma refeição normal & permitir-lhe um banho; telefonei a Carol Ashy como acordado - apenas o fino foco de luz iluminando-lhe a racha, passei-lhe o cinto ao redor do pescoço & ordenei-lhe que usasse o consolo com veemência até o limite da gozada. Quando o orgasmo se avizinhava, o estrangulamento, a bofetada & o processo recomeçava. Uma meia dúzia de vezes já.
Alice exausta.
Porém, totalmente rendida em obediente submissão.
Um indefinível cheiro fortíssimo - mistura de suor de fêmea, hálito de puta, esporra melecada de boceta, catarro de cu - tornaria o ar estranho a qualquer outro, mas para aqueles que conhecemos das luminescentes fragrâncias da maravilhosa escuridão de Sade mesmo antes dele, era o embriagador perfume do prazer eterno das divinas bacanais pagãs.
Os incendiados olhos cinzas de Carol Ashy, com seu metálico brilho, a tudo testemunhando por trás das sombras.
Ordeno que pare & se livre do consolo.
Tiro as roupas.
Meu endurecido caralho em majestática prepotência ostenta seu gigantismo ante as frágeis portas daquele acanhado buraco de mijar. Num capitulado contorcionismo desavergonhado, Alice empina-se para facilitar a angustiosa invasão de Minha pica enterrada com brutalidade num ataque sem misericórdia. Agora reina soberana a alucinada violência primitiva de Meu pau alargando, dilatando as paredes de carne de sua boceta, cada estocada multiplicada em força & firmeza. A fêmea da graças à sua sagração como oferenda a ser consumida como animal a ser devorado ainda vivo, agora consciente de que enquanto, despudorar-se & tiver para oferta buracos de corpo a serem violados, devassados & preenchidos, não passará por fome de prazeres de indecência. A puta amaciada na subserviência, despreza agora qualquer intervalo de alívio & repele qualquer enfraquecimento no martírio perverso de seu interior ardente: anseia apenas receber a plenitude de sofrimento do castigo que recompensa. A alucinação comanda a demência do ritmo que se acelera. A indecência animalesca rege a recitação obscena de palavrões, em estimulantes repertórios inventados de fascinantes imundícies. Foder Alice como égua noviça confirma-se realidade do exercício de mentalização de Minha Arte sexual perversa. Minha rola cacetando enérgica seu buraco de boceta. Urros & gemidos em crescente finalizam a foda: o gozo vence o represamento das limitações da carne & nos emporcalhamos em desvergonha, nos inundamos de porras mútuas, nos mastigamos em línguas cúmplices & nos afogamos em bocas derramando ofegantes salivas unificadas.
Alice chora, sorrindo felicidade única.
Não o choro convulsivo, em desespero; mais aquele incessante alagamento de lágrimas que não consegue ser estancado, legendado por um sorriso de animalidade submetida em gratidão. Essa “Mona Lisa” é a obra de arte que gratifica a todo Dominador que concede o privilégio de manipulação de carnes & alma a uma fêmea em acadelamento, no seu processo de transmutação em escrava vadia.
De repente, do mais fundo da escuridão das sombras, emerge o grito bizarro de Carol Ashy sonorizando uma estranha claridade raivosa em seus olhos cinzas. Crava unhas em Meu rosto & insulta Alice. Sacudo-a pelos ombros até que a histeria ceda.
Olhos cinzas transparentes como vidro sem alma fitam desamparo em Alice.
- Você é patética!
Alice para o quarto, Carol a segue, o ódio pela ardor da unhada não Me deixa perceber o que discutem aos gritos.
Alice vai embora com raiva de sangue, Carol corre atrás implorando.
Só resta fechar a porta para o silêncio da madrugada.
                                                                          §
Como ensinam todos os grandes conquistadores da história da humanidade, seja qual for o resultado da batalha, depois é procurar dormir o melhor possível.
A sonolenta coçada de saco registrou no mostrador do relógio: quase seis da tarde.
Até o mais impávido Dominador sádico necessita de um saudável café da manhã: saí atrás do maço de cigarros; estava maluco por uma dose de uísque!
Campainha.
Carol Ashy entrou com a conformação da ovelha que conhece o matadouro.
- Alice machucada?
- Lindíssima com a pele nua vestida por marcas de chibata. Desceu despida para o almoço, acho que só para me afrontar. O pai a chamou de puta, tentou agredi-la, enfiei um garfo em seu ombro. Vestiu-se & correu, dizendo que para nunca mais voltar. Também saí para sempre. Já liguei para o advogado. Dura demais o que há muito deveria ter acabado.
- Tentou saber?
- Não, tem amigos & deve agora meditar seu tempo. Tem meus olhos, reparou?
- Tem mais de ti: fêmea com a mesma fome por depravação humilhada.
- Uma criança quando a conheceu. Porém, logo revelou no olhar adolescente. Escondida, vestia minhas roupas de couro. As leituras esquivas no cúmplice silêncio corruptor dos tardes das noites. Depois o computador. Impossível ignorar ou reprimir essa desenfreada revelação. Não casual o encontro em seu café de sempre. Quis minha filha entrando nesse mundo de maravilhas, atravessando por Seu espelho, Lewis Magister como eu um dia.
Com ternura na ponta dos dedos finos perfeitamente manicurados acariciou os três arranhões riscados em Meu rosto.
- Imperdoável meu descontrole.
Impávido que nem Muhammad Ali, tranquilo e infalível como Bruce Lee, o murro no estômago a fez vergar-se num gemido surdo & desmanchar-se em câmera lenta até o chão.
Seus olhos cinzas puseram-se mansos como areias calmas.
Respiração forçada, voz quase inaudível.
- Não quero hotel nesse momento: posso dormir aqui?
Despiu-se cachorra para Meu sorriso maldoso – em mais de dez anos, suas carnes, praticamente inalterado pasto para transgressoras diversões degeneradas - & ao estalar de dedos rastejou para a jaula que lhe era tão saudosa de delícias relembradas.
Tempo pouco mais de um puta que pariu mental & torcer a tampa da garrafa de scotch &...
Campainha.
Tranças infantis & um leve vestido solto, do qual se safou com perícia, Alice melancolia em súplica.
- Tinha de sair daquela casa.
- Sua mãe está na jaula.
Baixou os olhos cinzas como areias calmas.
Estalei os dedos.
Engatinhou rebolando a bunda.
Maternal, Carol Ashy abriu a porta da jaula como se sorrisse & espremeu-se às barras de ferro. Alice buscou espaço acomodando suas carnes às dela, com desamparo de quase criança & fechou a porta gradeada.
Os dois pares de olhos cinzas continuaram brilhando para Mim, mesmo após Eu ter apagado a luz.
O scotch derramado nas pedras, a tragada funda na fumaça quente do cigarro & no final do click do Zippo, o pensamento: “Puta merda, vai ser uma longa noite curta de domingo!”